quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A chegada do Maxixe

Submetidas desde a chegada a um processo de nacionalização, as danças importadas seriam fundidas por nossos músicos populares a formas narrativas de origem africana, conhecidas pelo nome genérico de batuque. Foi assim que, na década de 1870, nasceram o tango brasileiro, o maxixe e o choro, ao mesmo tempo em que se abrasileirava a técnica de violão, cavaquinho e o próprio piano.

O mais antigo tango brasileiro chama-se "Olhos matadores" do compositor, regente, trompetista e organista carioca Henrique Alves de Mesquita (1830-1906). Retornando de Paris ao Brasil em 1866, lutou para reafirmar o seu prestígio em nosso meio, criando o tango brasileiro (mistura de habanera e do tango espanhol com elementos de polca e do lundu). Mesquita era muito estimado pelos colegas, principalmente por Ernesto Nazareth. Os dois compositores terão para sempre seus nomes ligados ao tango brasileiro. Mas Ernesto deu-lhe uma formulação rítmica bem brasileira, mais próxima do batuque e do lundu. (próximos da habanera e do tango espanhol).

Descendo ainda do tronco habanera-tango espanhol, adaptado à sincopação afro-brasileiro e com o surgimento do tango argentino em 1870 (pouco depois do tango brasileiro), o maxixe entrou para a história como a primeira dança urbana brasileira.

Bem mais importante como dança do que como música, o maxixe começou a ser dançado ao ritmo de outros gêneros como a polca, o tango e principalmente a polca-lundu, o tango-lundu e o tango-batuque. Estava sendo aprontada pelos músicos populares que, para provocarem os passos lúbricos dos dançarinos, submetiam tangos, polcas e habaneras a uma intensa sincopação, que acabou por transformá-las em maxixe, gênero musical.

Muitos compositores da época ignoravam o termo MAXIXE, proveniente de uma gíria que significava ordinário, chimfrim, desprezível, preferindo chamar os seus maxixes de polcas-lundu, tangos-lundu ou simplesmente tangos.

Em 1883, no dia 17 de abril, o maxixe chegaria ao palco pela primeira vez, ao ser cantado e dançado no Teatro Santana pelo ator Vasques, numa cena cômica intitulada "O caradura". Então, a seguir e por cerca de quarenta anos, essa dança passou a fazer parte de tudo quanto era peça musical do teatro carioca, servindo mesmo de chamariz para o público.

Sem jamais ter sido aceito pela classe média, o maxixe desapareceu praticamente na década de 1930, Os motivos foram a chegada de novos ritmos americanos e o crescimento do samba. Depois de uma presença de quase meio século na vida musical do país, o maxixe canção não deixou um grande legado. Embora muitos tenham composto maxixes, não há a rigor especialistas a se destacaram no setor. As exceções que poderiam ser Chiquinha Gonzaga e Sinhô, tiveram a maioria de seus maxixes disfarçados em outros ritmos: em tangos, os de Chiquinha e em samba, os de Sinhô.

De qualquer maneira, incluindo-se algumas composições classificadas em outros gêneros, pode-se formar uma seleção de ótimos maxixes:
Corta-jaca (Chiquinha), Amapá (Chiquinha), Maxixe aristocrático (José Nunes), São Paulo futuro (Marcelo Tupinambá e Danton Vampré), Cigana do Catumbi (J. Rezende), Café com leite (Freire Júnior), Jura (Sinhô), Dorinha meu amor (José F. Freitas) e Gosto (Sinhô).

Informações tiradas do livro: Uma História da música popular brasileira de Jairo Severino (2008)

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